As empresas familiares representam a espinha dorsal da economia brasileira, reunindo tradição, valores e um forte senso de pertencimento. No entanto, em um mercado cada vez mais exigente, manter a competitividade requer não apenas a força do legado, mas também a adoção de práticas modernas. A busca por linhas de crédito e por investidores especializados tornou-se um estímulo poderoso para que esses negócios aperfeiçoem suas estruturas de governança e consolidem seu crescimento de forma sustentável.
No Brasil, cerca de 90% das empresas instaladas têm perfil familiar, de acordo com o IBGE. Quando se analisa o Produto Interno Bruto, de 65% a mais da metade dele é gerado por negócios familiares, dependendo da fonte consultada. Esse conjunto de empresas também é responsável por 75% da mão de obra formal do país, sustentando mais de três quartos de empregos com carteira assinada.
A amplitude desses empreendimentos varia desde pequenos comércios locais, como bancas de revista, até grandes conglomerados nacionais, como Votorantim e Itaú. Essa diversidade evidencia a importância de modelos de gestão que atendam tanto às demandas do dia a dia de uma padaria de bairro quanto à complexidade de negociações internacionais.
A continuidade dessas empresas, porém, enfrenta desafios significativos. Apenas 30% delas chegam à terceira geração, e somente 15% sobrevivem à sucessão de três gerações. Segundo a PwC, 75% dos negócios familiares fecham após a transferência para herdeiros, sobressaindo a necessidade de planejamento eficaz.
Adicionalmente, 44% dessas empresas não possuem um plano de sucessão definido para diretores e gerentes, o que pode gerar conflitos internos e insegurança nos investidores. Conflitos familiares e a ausência de critérios claros para decisões estratégicas amplificam os riscos de descontinuidade.
Diante desse cenário, a formalização de estruturas de governança corporativa surge como resposta às exigências de bancos, fundos de investimento e parceiros internacionais. O mercado atual avalia não apenas balanços financeiros, mas também a qualidade de processos internos e a clareza na tomada de decisões.
Entre as melhores práticas, destacam-se:
Essas iniciativas contribuem para criar uma separação clara entre família e negócio, garantindo que as escolhas estratégicas sejam pautadas por critérios técnicos e objetivos.
Empresas que investem em governança sólida observam melhorias significativas em diversos aspectos. O acesso a linhas de crédito, por exemplo, torna-se mais ágil e flexível, pois as instituições financeiras reconhecem o menor risco associado a negócios bem geridos.
Além disso, a adoção de práticas profissionais favorece a atração de talentos qualificados, elevando a competitividade. A transparência nos processos internos fortalece a confiança de parceiros comerciais e amplia as oportunidades de grandes contratos.
Em momentos de crise, esses negócios demonstram maior resiliência, preservando a operação e ajustando estratégias de forma eficiente. A consolidação de ampliação de oportunidades de financiamento é apenas um dos reflexos desse aperfeiçoamento contínuo.
O interesse por governança corporativa em empresas familiares segue em alta. Pesquisa recente revela que 79% dessas organizações preveem crescimento nos próximos cinco anos, mesmo diante de instabilidades econômicas. A demanda por transparência, controles internos e planejamento sucessório tende a se intensificar.
Ferramentas digitais, como plataformas de gestão e sistemas de compliance, estão se tornando elementos-chave. A integração dessas tecnologias com as três dimensões de governança — família, patrimônio e negócio — é vista como uma estratégia vital para a longevidade do negócio.
Investir em governança corporativa não é apenas uma exigência do mercado, mas um compromisso com o futuro. Ao separar papéis, formalizar processos e estruturar a sucessão, as empresas familiares garantem um base sólida para a sucessão e fortalecem sua posição competitiva.
O caminho para acessar crédito e atrair investidores passa pela profissionalização e pela construção de um legado sustentável. Com olhar estratégico e dedicação, esses negócios podem transformar desafios históricos em oportunidades de crescimento e inovação.
Referências