Apesar das manchetes que anunciam redução, a análise detalhada dos dados revela nuances importantes sobre o endividamento em 2025. Embora expectativas de melhora tenham sido criadas, o cenário exige atenção estratégica para sustentar qualquer progresso.
Os índices de inadimplência no Brasil surpreendem pelo contraste entre projeções otimistas e a realidade dos números. Em abril de 2025, o aumento anualizado chegou a 4,59% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado mostra que, mesmo com tentativas de estabilização, persistência dos atrasos ainda é forte.
O volume de pessoas jurídicas inadimplentes também chama atenção: mais de 7,2 milhões de CNPJs estão em dívida, o que representa cerca de 31,6% do total de empresas ativas no país. No segmento de micro e pequenas empresas, o peso das dívidas atinge R$ 141 bilhões, evidenciando a vulnerabilidade desses empreendimentos.
Cada setor enfrenta desafios próprios na gestão de crédito e riscos associados ao não pagamento. A concentração de inadimplência se dá principalmente nos serviços e no comércio:
Essa distribuição evidencia que setores que dependem de fluxo contínuo de caixa e vendas recorrentes são especialmente sensíveis às oscilações econômicas. O crédito para pessoas jurídicas apresentou aceleração de 10,9% a/a em maio de 2025, ao passo que o crédito para pessoas físicas cresceu 12,3% nesse mesmo período.
Outro ponto de atenção é o envelhecimento das dívidas: o prazo médio em atraso alcançou 27,7 meses, ou seja, mais de 2 anos sem quitação. O segmento de débitos entre três e quatro anos cresceu 46,43%, mostrando que parcelas antigas não têm sido renegociadas ou liquidadas.
Pedidos de recuperação judicial também dispararam 61,8% em 2024 e mantiveram alta nos primeiros meses de 2025, com 284 solicitações apenas até fevereiro. Esses números indicam que empresas estão recorrendo cada vez mais à via judicial para tentar reorganizar seus passivos.
Para conter essa escalada e promover a redução consistente dos índices, instituições financeiras e empresas adotam práticas inovadoras:
O uso intensivo de inteligência artificial tem sido um divisor de águas. Fintechs e grandes bancos apostam em algoritmos para avaliar risco em tempo real e ajustar limites de crédito dinamicamente. O Nubank, por exemplo, se destaca por seus modelos avançados de análise comportamental, que resultam em índices de inadimplência mais baixos.
Além disso, ferramentas de scoring alternativo, que consideram dados de consumo, histórico de pagamento de serviços e até comportamento em redes sociais, ampliam a inclusão financeira e permitem que clientes antes excluídos tenham acesso a crédito com risco controlado.
Algumas instituições já apresentam resultados expressivos ao combinar tecnologia com estratégias humanas de relacionamento:
Tais ações reforçam que a aproximação entre cliente e banco é fundamental para construir confiança e reduzir a inadimplência.
Mesmo diante de indicadores desafiadores, há espaço para avanços significativos. A adoção de tecnologias emergentes, como blockchain para contratos inteligentes e open banking para troca segura de dados, pode elevar a eficiência das análises de crédito e promover maior transparência.
Em paralelo, a evolução de políticas públicas que incentivem a renegociação de dívidas e programas de educação financeira nas escolas pode criar uma base mais sólida para o comportamento de consumo responsável.
Para os próximos anos, a expectativa é de que parcerias entre fintechs e bancos tradicionais ampliem a oferta de soluções financeiras inovadoras, permitindo aos clientes maior controle sobre suas finanças e reduzindo gradualmente os índices de inadimplência no Brasil.
Referências