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Guia para investir em fundos de infraestrutura

Guia para investir em fundos de infraestrutura

18/09/2025 - 03:04
Felipe Moraes
Guia para investir em fundos de infraestrutura

Os Fundos de Investimento em Infraestrutura, conhecidos como FI-Infra, surgiram com a Lei 12.431/11 e tornaram-se protagonistas na captação de recursos para grandes projetos no Brasil. Essas estruturas financeiras exigem que, obrigatoriamente, pelo menos 85% do patrimônio seja alocado em títulos de crédito privado vinculados a obras aprovadas pelo governo federal.

Por sua natureza de renda fixa, os FI-Infra oferecem segurança relativa, especialmente para quem busca diversificar a carteira sem abrir mão de um perfil conservador. Ao mesmo tempo, são instrumentos de fomento imprescindíveis para suprir a demanda nacional por infraestrutura de transporte, energia, saneamento e telecomunicações.

O que são fundos de infraestrutura?

Os FI-Infra são fundos geralmente constituídos como condomínios fechados, negociados na B3 através de cotas identificadas por tickers que terminam em “11”. Seu principal ativo são as debêntures incentivadas, que têm isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, tornando-os especialmente atraentes para investidores de varejo.

Além das debêntures, esses fundos podem alocar recursos em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e em Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), ampliando a diversificação e o potencial de retorno dentro do próprio segmento de infraestrutura.

Como funcionam os FI-Infra?

Para estruturar um FI-Infra, a gestora capta recursos via oferta pública inicial ou compra de cotas no mercado secundário. O regulamento deve atender à instrução CVM 606 e à Lei 12.431/11, garantindo a destinação mínima de 85% do patrimônio aos projetos de infraestrutura.

O investidor interessado abre conta em uma corretora habilitada na B3, pesquisa fundos disponíveis — analisando composição de carteira, histórico de rentabilidade, liquidez e taxas — e adquire cotas pelo home broker. A liquidez, apesar de limitada, permite negociar no mercado secundário, desde que haja contraparte interessada.

Panorama do mercado e números atualizados

O dinamismo do setor ficou evidente em 2024, quando a captação dos FI-Infra alcançou R$ 109,5 bilhões até novembro, quase dez vezes mais que os R$ 13,8 bilhões de 2023 e bem acima dos R$ 8,2 bilhões de 2022. As emissões de debêntures incentivadas também bateram recorde em 2024, somando R$ 138 bilhões, enquanto o mercado secundário movimentou R$ 254 bilhões.

Esse crescimento expressivo no setor reflete a urgência de modernização das malhas rodoviária e ferroviária, a expansão de usinas de energia renovável e o avanço de projetos de saneamento, impulsionados pela necessidade permanente de investimentos em um país de grandes dimensões territoriais.

Setores financiados

  • Energia: parques eólicos, usinas solares e linhas de transmissão
  • Transporte: rodovias, ferrovias e portos
  • Saneamento: redes de água, esgoto e tratamento
  • Telecomunicações: fibra óptica e antenas de celular
  • Agronegócio: infraestrutura de armazenagem e logística

Vantagens

  • Isenção de IR sobre rendimentos para pessoas físicas
  • Pagamento regular de rendimentos, geralmente mensal
  • Diversificação de carteira em múltiplos segmentos
  • Contribuição direta ao desenvolvimento nacional

Riscos e desafios

  • Sensibilidade a variações das taxas de juros, que afetam a rentabilidade
  • Risco de crédito dos emissores, sobretudo no setor privado
  • Risco de liquidez em períodos de baixa demanda

Como investir: passo a passo prático

1. Abra conta em uma corretora com acesso à B3 e ao home broker.
2. Pesquise FI-Infra disponíveis, observando regulamento, carteira, histórico de rentabilidade e taxas de administração.
3. Identifique o ticker do fundo (que termina com “11”) e avalie o valor patrimonial por cota.
4. Compre cotas em oferta pública ou no mercado secundário, conforme disponibilidade.
5. Acompanhe relatórios gerenciais trimestrais e demonstrativos financeiros para monitorar o desempenho.

Comparação com outros fundos de renda fixa

Critérios de escolha de um FI-Infra

Ao selecionar um fundo, considere o perfil de risco e os objetivos financeiros. Verifique:

  • Histórico de rendimentos e volatilidade
  • Taxa de administração e performance
  • Reputação da gestora e qualidade do compliance
  • Composição da carteira e setores expostos

Tendências e perspectivas para 2025

O segmento de fundos de infraestrutura mantém-se promissor, sustentado pela isenção fiscal, grande necessidade de modernização e potencial de valorização dos ativos. Especialistas apontam oportunidades de compra em momentos de desconto das cotas em relação ao valor patrimonial, além do avanço de projetos de energia limpa.

Mesmo em cenários de juros elevados, a demanda por recursos para obras estruturantes e a segurança jurídica oferecida pela legislação continuada garantem espaço de crescimento para o setor.

Considerações finais e dicas de especialistas

Investir em FI-Infra é uma estratégia que alia retorno financeiro a impacto social e econômico. Avalie seu perfil de risco e horizonte de investimento antes de decidir, prefira objetivos de médio a longo prazo e monitore periodicamente o desempenho do fundo.

Consulte sempre um assessor financeiro ou especialista para alinhar expectativas e garantir que sua carteira esteja adequada aos seus objetivos. Lembre-se de que a rentabilidade passada não assegura ganhos futuros.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes