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Fusões regionais fortalecem grupos financeiros locais

Fusões regionais fortalecem grupos financeiros locais

17/10/2025 - 09:56
Felipe Moraes
Fusões regionais fortalecem grupos financeiros locais

O Brasil vive um momento único de transformação no setor financeiro. As fusões regionais vêm ganhando força, remodelando estruturas e promovendo a nova cara dos grupos locais. Este artigo explora como essa onda de operações impacta o mercado, fortalece players nacionais e gera oportunidades para as comunidades.

Ao longo das próximas linhas, veremos números, exemplos práticos e estratégias para aproveitar esse movimento em benefício próprio, fortalecendo não apenas grandes instituições, mas também empreendimentos de menor porte.

Panorama das fusões e aquisições no Brasil em 2025

O ano de 2025 começou com a expectativa de pelo menos quatro operações bilionárias, abrangendo setores como financeiro, farmacêutico e de tintas. Entre as movimentações mais mencionadas estão a venda da Medley (Sanofi), Suvinil (BASF), Linx (Stone) e a unidade brasileira do suíço Julius Baer.

Em 2024, foram anunciadas 1.426 transações de M&A, um crescimento de 1,86% versus 2023, conforme dados da consultoria Kroll. O Brasil lidera a América Latina, respondendo por 63% das transações da região, e alcançou 5% dos negócios globais, num total de aproximadamente 44 mil operações realizadas em todo o mundo.

Até maio de 2025, esses negócios já movimentaram R$ 145 bilhões, refletindo o apetite tanto de investidores estrangeiros quanto de grupos nacionais, especialmente nos segmentos de petróleo, finanças e tecnologia.

Fortalecimento de grupos locais: o caso BTG e Banco Pan

Um dos exemplos mais emblemáticos de integração regional é a aliança entre BTG Pactual e Banco Pan. Com o BTG detendo 76,9% do capital do Pan, diversas áreas – tecnologia, jurídico, compliance e comando – já funcionam de forma unificada, antecipando a formalização da fusão via Oferta Pública de Aquisição (OPA).

Essa integração operacional consolidada gerou ganhos expressivos, como:

  • Eliminação de estruturas administrativas duplicadas;
  • Compartilhamento de sistemas e plataformas digitais de última geração;
  • Sinergias fiscais e redução de custos de conformidade;
  • Posicionamento mais sólido no mercado de varejo bancário digital.

A experiência BTG + Pan demonstra como a complementaridade de atuação e a integração de processos podem resultar em plataformas financeiras robustas e prontas para competir em nível global.

Impactos sociais e econômicos nas regiões

As fusões regionais não transformam apenas as estruturas internas das instituições; elas também têm desdobramentos profundos nas economias locais.

Entre os benefícios mais visíveis, destacam-se:

  • Especialização da mão-de-obra, com treinamentos e capacitações voltadas às demandas consolidadas;
  • Aumento da produtividade, gerando competitividade e atraindo novos investimentos;
  • Crescimento de centros financeiros regionais, dinamizando a economia e melhorando a oferta de serviços.

No entanto, há efeitos colaterais que merecem atenção. Pesquisa da DBM indica que 54% das demissões de executivos entre 2006 e 2007 ocorreram em função de reestruturações advindas de fusões e aquisições. Portanto, é fundamental implementar planos de retenção de talentos e estratégias de comunicação interna para minimizar os impactos humanos.

Clusters regionais: sinergia e cooperação

As operações de M&A fomentam a formação de verdadeiros clusters financeiros – aglomerações de empresas do mesmo setor em uma região. Esses agrupamentos geram benefícios como:

  • Redução de custos de transação por proximidade geográfica;
  • Fortalecimento de redes de confiança entre players locais;
  • Incremento de escala em projetos de inovação tecnológica.

Uma redução de custos de transação e o compartilhamento de know-how tornam-se facilitadores para a criação de produtos financeiros regionais, adaptados às especificidades de cada mercado.

Desafios e estratégias dos fundos de private equity

O cenário de altas taxas de juros no Brasil impõe cautela aos fundos de private equity. A elevada Selic torna os custos de financiamento mais altos e reduz a atratividade de grandes aquisições.

No entanto, gestores em instituições como Vinci e Pátria mantêm uma postura estratégica, priorizando:

  • Operações de menor risco, com sinergias claras e prazos de retorno definidos;
  • Assessoria jurídica e fiscal robusta para lidar com complexidades regulatórias;
  • Parcerias com grupos locais já estabelecidos, aproveitando oportunidades de nicho.

Essa seletividade pode favorecer ainda mais os grupos regionais que apresentem governança corporativa sólida e histórico de resultados.

Políticas públicas e desigualdades regionais

Apesar de políticas como a Zona Franca de Manaus, a concentração de ativos industriais e financeiros permanece em centros como São Paulo. As iniciativas estatais têm impacto limitado na redistribuição regional, com o mercado privado exercendo papel central no fortalecimento das regiões.

Para reverter desigualdades, é fundamental que governos e associações locais fomentem:

  • Incentivos fiscais específicos para operações de M&A que incluam pequenas e médias empresas;
  • Programas de capacitação técnica e gerencial;
  • Estruturas de governança colaborativa entre setor público e privado.

Projeções para o futuro dos grupos financeiros locais

O panorama indica que as fusões regionais vão se intensificar nos próximos anos, impulsionadas pela busca de escala e eficiência.

Algumas tendências esperadas incluem:

  • Ampliação de parcerias entre fintechs locais e bancos tradicionais;
  • Maior foco em soluções de sustentabilidade e ESG durante processos de due diligence;
  • Desenvolvimento de plataformas tecnológicas integradas para serviços bancários.

Em meio a esse cenário, instituições de todos os portes podem se preparar adotando práticas de governança, investindo em cultura organizacional e mapeando possíveis sinergias com players da região.

As fusões regionais fortalecem grupos financeiros locais ao promover inovação, competitividade e inclusão econômica. Com planejamento cuidadoso e visão estratégica, gestores terão a chance de transformar desafios em oportunidades, fomentando um ciclo virtuoso de crescimento para todo o ecossistema financeiro brasileiro.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

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