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Empresas familiares buscam expansão internacional

Empresas familiares buscam expansão internacional

22/09/2025 - 22:20
Maryella Faratro
Empresas familiares buscam expansão internacional

Na era da globalização, as empresas familiares enfrentam a necessidade de buscar novos horizontes para garantir sua longevidade. Com as fronteiras se tornando mais permeáveis e os mercados globais oferecendo oportunidades sem precedentes, muitos negócios geridos por famílias veem na internacionalização um caminho para reforçar sua competitividade e diversificar suas receitas. Este artigo explora dados, desafios, estratégias e exemplos inspiradores que mostram como famílias empresárias podem expandir suas operações além das fronteiras nacionais.

O cenário atual da internacionalização

De acordo com o Barómetro Europeu de Empresas Familiares da KPMG, a ambição de expandir para outros países reúne 35% dos empresários do setor na Europa. Em Portugal, a marca sobe para 38%, evidenciando grande interesse em explorar mercados internacionais. Contudo, apenas 34% das empresas aumentaram efetivamente sua atuação no exterior no último ano, discrepando em relação aos 65% observados em 2016. Paralelamente, 50% priorizam a diversificação de produtos e serviços para sustentar seu crescimento.

Esse movimento não se limita à conquista de novos territórios. Empresas familiares têm dedicado atenção especial à adaptação de seu portfólio, buscando atender demandas locais e superar barreiras regulatórias. Mercados como Croácia, Bélgica, Irlanda e Áustria destacam-se por mostrar crescimento consistente, mas cada país exige profundo conhecimento legal, tributário e cultural. Para enfrentar essa complexidade, companhias de todos os portes empenham-se em atualizar processos internos e fortalecer a governança corporativa.

Principais fatores envolvidos na expansão

Antes de pisar em solo estrangeiro, é fundamental avaliar a maturidade interna da empresa. Muitos negócios familiares investem em sistemas de gestão, contabilidade e governança alinhados às melhores práticas internacionais, assegurando controle e transparência. A etapa de diagnóstico deve incluir análise de competitividade, custo de operação local, perfil de consumidores e exigências regulatórias. Somente com dados sólidos e estrutura robusta é possível definir um plano de ação que minimize riscos e potencialize resultados.

Outro pilar essencial é a preparação e planejamento detalhado antes da expansão, envolvendo definição de metas, cronograma de implantação e designação de responsáveis. A governança familiar deve ser revista, explicitando regras de decisão e canais de comunicação para evitar conflitos. Além disso, a inovação assume papel crucial: modernizar linhas de produção, digitalizar canais de venda e investir em pesquisa e desenvolvimento. Esse esforço garante equilíbrio entre tradição e modernidade, preservando valores familiares enquanto atende às exigências do mercado global.

  • Preparação e planejamento rigoroso conforme estudos de mercado
  • Governança corporativa clara e estruturada para tomada de decisão
  • Inovação e modernização contínua de produtos e processos
  • Equilíbrio entre tradição e modernidade na cultura organizacional

Desafios específicos para empresas familiares

O perfil tradicional de muitas empresas familiares impõe limites à sua expansão global. A gestão costuma ser conduzida por membros da família, e existe resistência em contratar executivos externos por medo de perder controle. Essa postura conservadora pode atrasar investimentos e impedir a adoção de práticas mais eficientes em nível internacional. Ademais, as questões sucessórias e o apego emocional ao legado dificultam decisões estratégicas necessárias para competir em escala global.

Além disso, o processo de internacionalização demanda recursos financeiros e humanos significativos. Aumentam-se custos com logística, marketing e conformidade regulatória, o que pressiona o capital da família. Simultaneamente, a reputação da empresa está diretamente ligada ao nome familiar, e qualquer falha no exterior pode refletir negativamente tanto nos negócios quanto nas relações pessoais. Manter a integridade da marca exige cuidados redobrados em cada etapa da expansão.

  • Gestão conservadora que resiste a mudanças
  • Pressões financeiras e humanas intensificadas
  • Manutenção de identidade e reputação familiar

Oportunidades e fatores facilitadores

A perspectiva de longo prazo, inerente ao modelo familiar, pode ser uma vantagem competitiva. Com orientação de longo prazo e capital social consolidado, as famílias estão mais dispostas a assumir riscos calculados e a esperar retornos graduais. Essa visão sustentável favorece parcerias estratégicas, linhas de crédito diferenciadas e a busca por certificações de qualidade que abrem portas em mercados exigentes. O forte vínculo entre membros gera compromisso e resiliência diante de desafios globais.

Outro elemento decisivo é a profissionalização e capacidade de adaptação dos processos internos. Ao contratar especialistas internacionais e investir em treinamento, as empresas elevam seu nível de competitividade. Programas de intercâmbio entre filiais e centros de pesquisa favorecem a troca de experiências, acelerando a inovação. Ademais, a digitalização de processos de vendas e logística torna mais ágil o atendimento a demandas específicas de cada país.

  • Visão sustentável de longo prazo
  • Apoio de capital social e parcerias
  • Investimento em profissionalização e inovação

Exemplos de sucesso

Várias empresas familiares brasileiras servem de inspiração ao adotar estratégias adequadas às particularidades locais e internacionais. Três casos emblemáticos demonstram resultados concretos alcançados por meio de adaptabilidade, governança clara e atuações bem planejadas em mercados estrangeiros.

Esses exemplos revelam como a combinação de parcerias locais, adaptação de portfólio e aderência a padrões de qualidade internacional geram crescimento sustentável. O Grupo Boticário investiu em plataformas digitais e logística sob demanda no mercado norte-americano, enquanto a Embelleze personalizou produtos conforme preferências regionais na América Latina. A JBS, por sua vez, apostou em unidades de produção locais e certificações que atestam a qualidade, conquistando confiança de consumidores europeus.

Considerações finais

A internacionalização de empresas familiares não se trata apenas de cruzar fronteiras, mas de construir uma base sólida que suporte desafios econômicos, culturais e regulatórios. A transparência na governança, a atualização tecnológica e o respeito às tradições familiares são fatores complementares que sustentam o sucesso. Ao equilibrar a experiência acumulada com inovações de mercado, as famílias empresárias podem estabelecer presença global sem abrir mão de sua essência.

Em um mundo cada vez mais conectado, preparar-se para atuar internacionalmente é imperativo para a longevidade de qualquer empresa familiar. O cuidado com a cultura organizacional, combinado à implementação de boas práticas de gestão e inovação, pavimenta o caminho para novas conquistas. Assim, famílias empresárias podem transformar desafios em oportunidades e garantir que seu legado prospere em solo estrangeiro.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Faratro