O agronegócio brasileiro retoma seu protagonismo no comércio internacional, apresentando números expressivos e abrindo novas frentes de mercado. Entre janeiro e novembro de 2024, o setor alcançou US$ 152,63 bilhões em exportações, representando quase metade do total embarcado pelo país. Em janeiro de 2025, o valor já superou US$ 11 bilhões, reafirmando a força das commodities agrícolas.
Os dados mais recentes mostram um setor em pleno crescimento e com grande impacto na balança comercial. Em 2024, o complexo soja, carnes e sucroalcooleiro respondeu por mais de 60% das vendas externas do agronegócio. Apesar da queda de 18,7% no valor da soja, o volume recorde exportado evidenciou a resiliência diante da pressão de preços internacionais.
Para 2025, as projeções indicam continuidade na expansão: a produção de soja está estimada em 164,4 milhões de toneladas, o milho em 124,8 milhões, e a safra de cana no Centro-Sul deve chegar a 612 milhões de toneladas. Esses números reforçam o papel central do Brasil como fornecedor global de alimentos e biocombustíveis.
A soja manteve a liderança em valor exportado, com US$ 52,19 bilhões em 2024, seguida pelo complexo de carnes (US$ 23,93 bilhões) e pelo sucroalcooleiro (US$ 18,27 bilhões). Ainda na linha de combustíveis renováveis, quase 35 bilhões de litros de etanol foram produzidos, enquanto 42,35 milhões de toneladas de açúcar ganharam o mercado global.
O milho e o algodão também se destacaram: o grão teve produção estimada em 124,8 milhões de toneladas, e o setor algodoeiro ultrapassou os Estados Unidos, projetando 3,9 milhões de toneladas produzidas em 2025. As exportações de algodão somarão cerca de 2,9 milhões de toneladas, com destino principal à Turquia, Vietnã e Bangladesh.
A China continua sendo o principal destino, absorvendo 30% do valor exportado em 2024, o que equivale a US$ 49,7 bilhões. A União Europeia figura em segundo lugar, com US$ 22,3 bilhões, seguida pelos Estados Unidos, Indonésia e Vietnã. Esse perfil diversificado fortalece a presença global em mais de 200 países.
Além dos mercados tradicionais, o Brasil aproveita as tensões comerciais globais para conquistar fatias maiores no Oriente Médio e no Sudeste Asiático, ampliando acordos e parcerias estratégicas.
O agronegócio brasileiro registrou recordes de produção e produtividade graças a investimentos em tecnologia de sementes, manejo de solo e irrigação de precisão. O clima favorável e a adoção de boas práticas sustentáveis também elevaram a qualidade dos produtos e a eficiência das operações.
Além disso, o país desfruta de vantagem competitiva e sustentabilidade ao oferecer soja, etanol e algodão livres de tarifas punitivas, beneficiando-se das políticas de transição energética na Europa e das barreiras comerciais a produtos norte-americanos.
Apesar de uma redução média de 5,2% nos preços internacionais em 2024, o volume exportado cresceu 5,2%, compensando perdas de receita. O Brasil mantém o posto de maior exportador mundial de soja, café, suco de laranja, açúcar, carne bovina, carne de frango e algodão, além de ocupar posição de destaque em milho e carne suína.
Para seguir avançando, o setor precisa enfrentar diversos desafios e aproveitar oportunidades emergentes:
O futuro das exportações agrícolas passa pela adoção de tecnologia e rastreabilidade completa, garantindo a procedência e reduzindo riscos sanitários. Sistemas de blockchain e certificações ambientais ganham espaço, oferecendo transparência aos compradores e agregando valor aos produtos brasileiros.
Projetos de baixa emissão de carbono, uso racional da água e recuperação de áreas degradadas reforçam o compromisso com a agricultura regenerativa e responsável. Startups e grandes empresas investem em biotecnologia, drones e soluções de monitoramento por satélite para otimizar insumos e minimizar impactos ambientais.
Com um cenário global em transformação, as commodities agrícolas brasileiras reafirmam seu papel estratégico, unindo tradição e inovação. Ao superar desafios e diversificar seus mercados, o setor pavimenta o caminho para um agronegócio mais forte, sustentável e preparado para as demandas futuras do comércio internacional.
Referências