No Brasil contemporâneo, o crédito consignado vem registrando crescimento acelerado, consolidando-se como uma das principais vias de acesso ao financiamento pessoal. Em um momento em que a renda familiar busca recomposição e a inflação impõe desafios, essa modalidade se destaca por oferecer taxas competitivas e segurança para trabalhadores formais e aposentados.
Este artigo explora o panorama, os números mais recentes e as perspectivas futuras, apresentando políticas públicas inovadoras e dicas práticas para quem deseja aproveitar essa oportunidade de crédito de forma responsável e consciente.
Em março de 2025, o governo federal lançou o programa Crédito do Trabalhador para carteira assinada, estendendo o acesso a cerca de 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo domésticos, rurais e MEIs. Disponível pela Carteira de Trabalho Digital, a novidade permite contratação sem precisar sair de casa, por meio de um aplicativo oficial.
Em apenas sete dias de funcionamento, o programa superou R$ 1,28 bilhão em empréstimos concedidos. Ao todo, foram assinados 48.170 contratos, com valor médio de R$ 7.065,14 por trabalhador e parcela média de R$ 333,88 em prazo médio de 21 meses.
No segmento privado, já existiam cerca de 3,8 milhões de contratos ativos de crédito consignado, totalizando mais de R$ 40 bilhões contratados. As projeções indicam que, em até quatro anos, 25 milhões de trabalhadores poderão acessar essa linha de crédito, aproveitando taxas mais competitivas e condições exclusivas.
Essa expansão é sustentada pela crescente demanda por recursos para educação, reforma de imóveis e capital de giro para pequenos negócios. Além disso, a prática de desconto direto em folha reduz o risco de inadimplência, beneficiando instituições financeiras e tomadores de empréstimo.
A digitalização é um dos pilares desse avanço. Mais de 8,7 milhões de solicitações de crédito foram registradas nos primeiros dias do programa, e 64,7 milhões de simulações foram realizadas por meio da plataforma digital.
Essas inovações garantem que o trabalhador possa comparar ofertas, calcular parcelas e tomar decisões informadas, tudo em poucos minutos, diretamente de seu smartphone.
Apesar da popularidade crescente, as taxas de juros do consignado no setor privado sofreram alta expressiva em abril de 2025, passando de 44% ao ano em março para 59,1% ao ano, um aumento de 15 pontos percentuais em apenas um mês. Esse movimento reflete desafios de gestão de custos e de oferta de crédito em meio a pressões inflacionárias e políticas monetárias.
Para contextualizar esse cenário, segue um comparativo de indicadores relevantes:
O novo modelo de consignado reforça direitos do consumidor assegurados pela lei. Entre as principais inovações estão:
Essas medidas proporcionam maior segurança ao trabalhador, evitando surpresas e práticas abusivas, além de fomentar a competição saudável entre os bancos.
Segundo projeções da Febraban, o crédito bancário deve crescer 9% em 2025, com 8,3% nos créditos livres e 9,7% nos direcionados. Embora ligeiramente abaixo do ritmo de 2024 (10,5%), o setor mantém trajetória de expansão, apoiado pela recuperação da renda e novos programas públicos.
O avanço do crédito consignado também exerce impacto socioeconômico relevante: ao reduzir a dependência de financiamentos informais e de juros extorsivos, contribui para a bancarização de milhões de brasileiros e para a estabilidade financeira de famílias.
Por outro lado, especialistas alertam para a sustentabilidade das taxas elevadas e o risco de endividamento excessivo. Educação financeira e regulamentação contínua são fundamentais para equilibrar oferta e demanda e garantir que esse instrumento cumpra seu papel social.
Em conclusão, o crédito consignado se apresenta como um poderoso aliado na ampliação do acesso ao financiamento. Com inovações tecnológicas, políticas públicas robustas e direitos do consumidor fortalecidos, essa modalidade tem potencial para transformar vidas e impulsionar a economia, desde que administrada com responsabilidade e atenção às taxas praticadas.
Referências