O universo financeiro vive uma transformação profunda, impulsionada pela crescente demanda por investimentos que aliam retorno financeiro e impacto socioambiental. No Brasil, o crescimento dos ativos ESG em 2025 evidencia um movimento que não apenas busca lucratividade, mas também sustentabilidade e responsabilidade.
Este artigo explora o desenvolvimento desse mercado, suas bases regulatórias, cases de sucesso e desafios futuros, oferecendo insights práticos e inspiradores para investidores e empresas.
Desde 2022, a valorização de fundos ESG demonstra capacidade de resistência mesmo em cenários globais adversos. No horizonte de 2025, a combinação de políticas públicas, COP30 e novas regras promete acelerar ainda mais essa trajetória.
Ativos ESG referem-se a investimentos que consideram critérios ambientais, sociais e de governança. Eles vão além da análise tradicional de riscos financeiros, incorporando elementos que medem o impacto sustentável de empresas e projetos.
Com foco em práticas responsáveis, esses ativos atraem investidores preocupados com gestão de riscos a longo prazo e a construção de valor sustentável.
O patrimônio sob gestão (AuM) de fundos com estratégias ESG alcançou R$ 34 bilhões em maio de 2025, evidenciando um crescimento de 28% no ano. Esse avanço ocorre mesmo diante de um cenário internacional menos alinhado aos critérios ESG, especialmente nos Estados Unidos.
Atualmente, o Brasil conta com 193 fundos ESG ativos, divididos em duas categorias:
Desde abril de 2022, o desempenho desses fundos superou amplamente a indústria convencional de ações:
Notavelmente, há migração de recursos de ações para renda fixa ESG, motivada pelo cenário doméstico de juros elevados e pela busca de segurança sem abdicar de critérios sustentáveis.
O ano de 2025 marca o período de preparação para o cumprimento de normas obrigatórias de ESG. A Resolução nº 193/2023 da CVM impõe disclosure de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, alinhando o Brasil ao ISSB.
A obrigatoriedade se aplica a exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2026, mas muitas empresas já adotam práticas voluntárias, inspiradas por líderes de mercado como Renner e Vale.
A Lei nº 15.042/2024, que instituiu o mercado regulado de carbono, fixa limites de emissões para setores poluentes e cria o CRVE – Certificado de Remoção e/ou Redução Verificada de Emissões. A infraestrutura de negociação, desenvolvida pela B3, prepara terreno para as primeiras operações significativas a partir de 2027.
Empresas brasileiras têm avançado em transparência e práticas sustentáveis. O Grupo D’Or, por exemplo, saltou do 50º para o 26º lugar no ISE B3 em 2024, refletindo gestão proativa e disclosure detalhado.
Outras organizações adotam inventários de emissões, participam do CDP e buscam selos internacionais. Essas iniciativas elevam o padrão de mercado e atraem investidores exigentes.
O mercado regulado de carbono no Brasil tem potencial de movimentar trilhões de reais até 2050. Enquanto as negociações formais começam em 2027, o mercado voluntário avança com rigorosos critérios de rastreabilidade e integridade.
Além dos créditos de carbono, cresce a oferta de green bonds e sustainability linked bonds, títulos de dívida atrelados a metas ambientais. Infraestruturas digitais e plataformas integradas garantem transparência e eficiência nas transações.
Em novembro de 2025, o Brasil sediará a COP30 em Belém (PA), consolidando seu papel na agenda climática global. No entanto, persistem desafios:
Apesar do otimismo, a evolução do mercado depende do fechamento de lacunas regulatórias e do alinhamento entre governo, empresas e investidores.
Europa e Estados Unidos lideram em volume absoluto de investimentos sustentáveis, mas o Brasil e a América Latina apresentam crescimento acelerado. Entre os motivadores para investir em ESG, destacam-se:
Adotar práticas ESG maduras traz vantagens competitivas. Empresas bem avaliadas atraem talentos, captam capital a custos menores e reduzem riscos reputacionais.
Investidores profissionais e institucionais identificam nos ativos ESG oportunidades de diversificação e resultado consistente no longo prazo, reforçando a ideia de que sustentabilidade e rentabilidade podem coexistir.
O mercado de capitais brasileiro vive um momento decisivo para consolidar investimentos ESG. O crescimento do patrimônio, as inovações regulatórias e o avanço de iniciativas empresariais formam um ecossistema pujante.
Embora existam desafios no aperfeiçoamento de normas e na implementação de tecnologias de rastreabilidade, a tendência é clara: organizações e investidores que integrarem ESG em suas estratégias estarão melhor posicionados para prosperar em um mundo cada vez mais consciente.
Este é o momento de olhar para além dos números imediatos e abraçar o potencial transformador dos investimentos sustentáveis, contribuindo para uma economia mais justa, inclusiva e resiliente.
Referências