Logo
Home
>
Notícias do Mercado
>
Mercado de capitais discute novas regras para fundos passivos

Mercado de capitais discute novas regras para fundos passivos

31/07/2025 - 02:00
Giovanni Medeiros
Mercado de capitais discute novas regras para fundos passivos

Vivemos um momento histórico no mercado de capitais brasileiro, em que a proteção ao investidor e a modernização caminham lado a lado. A discussão em torno das novas regras para fundos passivos mobiliza gestoras, analistas e bancos, que buscam alinhar inovação e segurança jurídica.

Com a Resolução CVM 175, espera-se a criação de um ambiente mais ágil e transparente, capaz de atrair recursos internos e estrangeiros. Para pequenos investidores, abre-se um horizonte promissor de alternativas diversificadas.

Contexto regulatório da Resolução CVM 175

A Resolução CVM 175, em vigor desde 2025, surge da necessidade de consolidar normas espalhadas por diversas instruções antigas e incorporar referências de órgãos como a SEC e a ESMA. Trata-se de um marco para ordenar e simplificar o mercado.

O prazo para implementação das mudanças foi estabelecido até junho de 2025. Segundo a Anbima, 29% dos fundos já estavam adaptados em janeiro, refletindo o esforço inicial das instituições financeiras.

Essa convergência regulatória visa, sobretudo, reduzir ambiguidades e custos de compliance, incentivando gestores a focar em estratégias e performance, em vez de lidar com complexidades burocráticas.

Principais mudanças da Resolução CVM 175

  • Reconhecimento jurídico: fundos passam a ter status de condomínios de natureza especial, reforçando a segurança nas operações e a previsibilidade legal.
  • Responsabilidade limitada: é norma adotada a responsabilidade limitada do cotista, evitando chamados para aporte extra sem prévia concordância.
  • Abertura a novos públicos: produtos antes restritos a investidores qualificados agora acessíveis ao varejo, ampliando horizontes de aplicação.
  • Diversificação e subclasses: criação de diversificação e novas classes/subclasses de cotas permite estratégias mais segmentadas e customização de taxas.
  • Segregação de ativos e passivos: maior clareza e eficiência operacional, espelhando padrões internacionais e otimizando relatórios de risco.

Cada mudança traz impactos diretos no dia a dia dos gestores: desde revisões contratuais até a reformulação de sistemas de controle de risco e compliance. Esse processo exige diálogo constante com investidores e consultorias especializadas.

Tabela comparativa das principais alterações

Para compreender melhor as transformações, observe a tabela a seguir:

Esse comparativo evidencia a evolução de um mercado antes fragmentado para um modelo mais coeso, que valoriza a governança e a proteção do investidor.

Fundos Passivos: definição e potencial

Fundos passivos são veículos de investimento que replicam índices de mercado, como o Ibovespa ou o S&P 500, sem buscar superá-los ativamente, resultando em custos reduzidos e gestão simplificada.

Os ETFs e demais fundos de índice permitem aportes a partir de valores acessíveis, conectando pequenos investidores a uma carteira diversificada com liquidez diária.

Sob a nova regulamentação, é exigido que o regulamento do fundo detalhe claramente o índice de referência, composição de ativos e taxas, assegurando maior transparência e segurança jurídica.

Além disso, a possibilidade de diferentes subclasses de cotas cria oportunidades para estabelecer níveis variados de exposição e cobrança de tarifas, ampliando o leque de opções.

Impactos e oportunidades para o mercado

  • Redução de burocracia e barreiras, acelerando a criação de produtos inovadores.
  • Atração de investidores pessoa física, motivados por custos mais baixos e regras claras.
  • Maior competição e inovação no segmento de fundos passivos.
  • Fluxos adicionais para ETFs e fundos de índice, impulsionados pela confiança regulatória.
  • Fortalecimento tecnológico das plataformas de distribuição e custódia.

Em 2024, os ETFs registraram aportes totais superiores a R$50 bilhões, número que deve crescer com a implementação da CVM 175 e a expansão do varejo.

Por exemplo, uma gestora local relatou aumento de 30% nos cadastros de novos investidores pessoa física em apenas um mês após simplificar o processo de aplicação em fundos passivos.

Desafios e prazos para adaptação

Apesar das oportunidades, os gestores enfrentam desafios significativos para cumprir os prazos e requisitos estabelecidos:

  • Atualização de sistemas de compliance e auditoria.
  • Revisão de documentos regulatórios e prospectos.
  • Capacitação de equipes e treinamento em novas práticas.

Para mitigar riscos, muitas empresas estão investindo em automação e parcerias com fintechs que oferecem soluções de reporting em tempo real.

O descumprimento das normas pode gerar multas, restrições operacionais e perda de reputação, aumentando a urgência de aderência completa até junho de 2025.

Perspectivas para o futuro dos fundos passivos

Analistas projetam que, com a democratização do acesso a produtos sofisticados, o patrimônio dos fundos passivos no Brasil pode crescer de 3% para até 8% do total de recursos geridos em cinco anos.

Grandes instituições financeiras estão desenhando estratégias de subclasses direcionadas a perfis conservador, moderado e arrojado, criando novas oportunidades para fundos passivos dentro de uma mesma estrutura.

A tendência global mostra que países com regulamentações claras atraem mais recursos estrangeiros, e a CVM 175 alinha o Brasil a esse movimento, reforçando a confiança de investidores externos.

Especialistas destacam que a alavancagem de tecnologia e a oferta de educação financeira serão fatores-chave para sustentar o crescimento e garantir que novos participantes tenham informação de qualidade.

Considerações finais

O panorama regulatório desenhado pela Resolução CVM 175 representa um marco na jornada de maturidade do mercado de capitais nacional.

Investidores que aproveitarem as novas oportunidades para fundos passivos poderão montar carteiras mais diversificadas, com custos menores e maior previsibilidade de resultados.

Gestoras e instituições de custódia devem intensificar iniciativas de comunicação transparente e aprimorar seus processos internos, fortalecendo a confiança do público.

Ao promover a democratização do acesso a produtos sofisticados, o Brasil caminha para um ecossistema financeiro mais inclusivo, competitivo e conectado ao cenário global.

Esteja pronto para explorar essas transformações e posicionar seu portfólio de forma estratégica, aproveitando ao máximo esse novo ciclo de inovação.

Giovanni Medeiros

Sobre o Autor: Giovanni Medeiros

Giovanni Medeiros