Logo
Home
>
Notícias do Mercado
>
Ações de bancos sobem com perspectiva de cortes nos juros

Ações de bancos sobem com perspectiva de cortes nos juros

24/06/2025 - 16:52
Bruno Anderson
Ações de bancos sobem com perspectiva de cortes nos juros

Em 2025, o cenário da Bolsa brasileira entrou em uma nova fase, marcada por um otimismo crescente entre investidores e mudanças significativas na política monetária. Após um primeiro semestre que registrou a melhor alta em nove anos no Ibovespa, o setor bancário desponta como um dos grandes beneficiados pela perspectiva de redução da taxa Selic ao longo do segundo semestre. Neste artigo, exploramos as razões dessa valorização, as projeções para os juros, o impacto sobre as instituições financeiras e os riscos que podem emergir no caminho.

O cenário econômico em 2025

O primeiro semestre de 2025 trouxe um desempenho excepcional à Bolsa brasileira, com alta de 15,44% no Ibovespa, que fechou em 138.854 pontos. Esse avanço deve-se a uma combinação de fatores: controle da inflação, estabilidade fiscal e queda do dólar, que recuou 12,08% no período, chegando a R$ 5,433. Enquanto, no final de 2024, o câmbio beirava R$ 6,26 e as projeções para a Selic alcançavam 17% ao ano, o atual panorama mostra sinais claros de estabilização e até de possíveis cortes.

Além disso, setores como educação, supermercados, construção e turismo lideraram as altas, mas o setor bancário reagiu fortemente às expectativas de mudanças na política monetária. A possível nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central reforçou a confiança do mercado na continuidade de um ciclo de cortes graduais nos juros, tornando o ambiente de investimentos ainda mais atraente.

Como a Selic influencia as ações dos bancos

A taxa básica de juros, a Selic, é um dos principais determinantes dos resultados das instituições financeiras. Quando a Selic está em patamar elevado, o custo de captação aumenta, e a rentabilidade de empréstimos se mantém alta. No entanto, juros em níveis muito altos podem elevar a inadimplência e frear a demanda por crédito.

Com a perspectiva de cortes nos juros, observada nas projeções para o fim de 2025 (14,93% segundo contratos de DI e 14,75% para a projeção revisada do Itaú), espera-se:

  • Redução dos custos de financiamento e melhoria das margens financeiras;
  • Diminuição da inadimplência, graças a melhor acesso a crédito com juros menores;
  • Aquecimento na carteira de empréstimos e financiamentos;
  • Perspectiva de lucro líquido em alta para o setor bancário.

Esse conjunto de efeitos cria um ambiente fértil para que as ações de bancos se valorizem, pois investidores antecipam ganhos futuros com crescimento sustentável da rentabilidade dessas instituições.

Desempenho dos bancos na Bolsa

Embora os grandes ganhos do semestre tenham sido liderados por outros segmentos, como educação e supermercados, o setor financeiro começa a ganhar espaço na carteira de investidores. Historicamente, cortes na Selic beneficiam fortemente as ações bancárias, sobretudo a partir de meados de ciclos de redução, quando a confiança na retomada econômica se consolida.

Os bancos, por sua vez, vêm apresentando balanços sólidos, com níveis de capitalização adequados e provisões contingenciais bem dimensionadas. A combinação dessas características com perspectivas de juros em queda lenta e o aquecimento de segmentos de crédito criam fundamentos robustos para novos patamares de preço em suas ações.

Fluxo de investimentos estrangeiros e riscos

O retorno dos investidores estrangeiros ao mercado de renda variável brasileiro tem sido um fator decisivo para a sustentação das altas recentes. Com a inflação controlada e a expectativa de cortes graduais na taxa básica de juros, o Brasil reencontra atratividade no radar global.

No entanto, alguns riscos podem limitar a profundidade desses cortes ou gerar volatilidade:

  • Desafios fiscais, caso o ajuste orçamentário não se confirme;
  • Oscilações em mercados internacionais, especialmente se o Federal Reserve dos EUA adiar seus próprios cortes;
  • Pressões inflacionárias inesperadas, que poderiam exigir manutenção de juros elevados.

É fundamental que o compromisso com o controle inflacionário e o equilíbrio das contas públicas seja mantido para evitar surpresas negativas e proteger a confiança dos investidores internacionais.

Perspectivas para o segundo semestre de 2025

Para o restante do ano, a expectativa é de um ciclo de cortes suaves na Selic, começando possivelmente em setembro, de modo a não desestabilizar o processo de convergência da inflação à meta de 3%. Esse ritmo prudente de corte tende a favorecer o desempenho das ações bancárias, que já incorporaram parte do movimento de redução de juros e agora miram ganhos adicionais conforme o mercado consolida suas projeções.

Além disso, o aumento do crédito à pessoa física e às micro, pequenas e médias empresas deve impulsionar a carteira de empréstimos dos bancos, gerando receitas recorrentes e fortalecendo a lucratividade de longo prazo. Instituições com presença significativa no crédito consignado e imobiliário podem se destacar ainda mais nesse cenário.

Conclusão

O atual momento econômico brasileiro, marcado pelo controle inflacionário, estabilidade fiscal e queda do dólar, criou as condições ideais para que o setor bancário brilhe na Bolsa. A perspectiva de cortes nos juros alimenta uma narrativa de crescimento sustentável, com menor inadimplência e maiores margens financeiras.

Investidores devem, no entanto, acompanhar de perto a evolução dos indicadores fiscais e a sinalização do Banco Central para calibrar suas estratégias. A combinação de bom ambiente macro, fundamentos sólidos e expectativa realista de cortes graduais faz das ações de bancos uma das apostas mais promissoras para o restante de 2025.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson